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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PSICOPEDAGOGO NÃO É PROFESSOR PARTICULAR

Por incrível que pareça, ainda há pessoas que confundem as duas coisas.

Quando um professor particular consegue dar conta das dificuldades escolares de uma criança, não há necessidade de um psicopedagogo! O professor particular é o profissional indicado quando as dificuldades apresentadas pelo aluno se referem aos CONTEÚDOS escolares. O psicopedagogo é um especialista em HABILIDADES PARA APRENDER.

O trabalho do psicopedagogo consiste em avaliar a criança para descobrir onde o processo de aprendizagem foi descontinuado, onde se partiu, quando o aluno deixou de evoluir. A partir de métodos e técnicas específicos, o psicopedagogo vai provocar a mudança, fazendo o aluno avançar. Para isso são utilizados materiais diferentes daqueles usados na escola, procurando-se evitar o uso de cadernos, atividades impressas, pois são semelhantes aos materiais que o aluno já utiliza na escola, que geralmente são aversivos em virtude das associações que o aluno estabelece entre eles e suas dificuldades escolares. Podem ser usados jogos, softwares, dinâmicas, desenhos, histórias e uma infinidade de recursos lúdicos, que visam recriar o prazer em aprender, trabalhar habilidades envolvidas no processo, como atenção, memória, organização, técnicas de estudo, raciocínio lógico, criatividade, dentre outras. Resgatado o prazer em aprender e a motivação, pode-se então, num segundo momento, partir do material do aluno para ensinar, por exemplo, técnicas de estudo: como grifar, fazer resumos, apontamentos, quadros sinóticos, mapas mentais, questionários, etc.

Há pais pagando mais caro (em geral, os honorários de um psicopedagogo são mais altos que os de um professor particular, em virtude da complexidade do trabalho e da necessidade do uso de inúmeros materiais de apoio, jogos, recursos lúdicos, conforme mencionado acima) por um trabalho feito pela metade, pois quando o psicopedagogo se propõe a dar aulas particulares, a menos que ele seja licenciado naquela matéria (por exemplo, uma professora de português que tenha feito o curso de Letras na universidade), corre-se o risco de aquela matéria ser tratada com superficialidade, com o profissional não sendo preparado para sanar as DÚVIDAS do aluno, ou, como testemunhei recentemente, acabar ensinando conceitos e regras ERRADOS (eu vi: aula particular de português para aluno do Ensino Médio dada por psicopedagogo, que registrou no caderno do aluno, com sua letra, várias palavras em desacordo com a reforma ortográfica, por exemplo, com o uso do trema).

Portanto, se o que o aluno precisa é reposição de conteúdos de séries passadas, fixação de conteúdos da série atual, ou sanar dúvidas, deve ser indicado um professor especialista para aquela matéria e série. Por exemplo,  em caso de alunos do Fundamental II ou Ensino Médio, recomenda-se um professor com Licenciatura naquela disciplina (português, matemática, química, etc.). Em se tratando de aluno do Fundamental I, recomenda-se um professor habilitado em Pedagogia, com experiência naquela série.

Alguns alunos necessitam de um tutor, um professor particular que faça um trabalho diário de organização, tarefa de casa, preparação para as provas, realização de trabalhos, ATÉ QUE O ALUNO SEJA CAPAZ DE FAZÊ-LO DE FORMA INDEPENDENTE,  sendo este um dos objetivos do trabalho do professor particular. O tutor é necessário principalmente naqueles casos em que os pais não podem, ou não sabem como, acompanhar as atividades escolares do filho que ainda não sabe caminhar por conta própria, que ainda não possui organização, método de estudo, concentração e atenção (como ocorre frequentemente com os portadores de TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade). Em outros casos, o tutor é necessário porque o clima familiar se torna muito conturbado e aversivo devido às tarefas escolares que o aluno traz para casa, com muitas brigas entre pais e filhos, choro, ofensas e ameaças ("Se você não fizer a tarefa, ficará sem TV e sem videogame"). Há pais que relatam, com profunda tristeza, que não têm vontade de ir para casa após um dia de trabalho, pois sabem que terão de travar nova batalha para que o filho estude, ou faça tarefas escolares. Às vezes aquela máxima "santo de casa não faz milagres" acaba sendo verdadeira, e um profisional conseguirá estabelecer regras e rotinas que os pais podem não estar conseguindo. Desta forma, o clima familiar melhora bastante, pois os pais têm mais tempo para desfrutar de bons momentos com os filhos, ter lazer em família, praticar esportes com os filhos, etc.

Crianças em fase pré-escolar podem precisar de atividades que estimulem e desenvolvam  as habilidades psicomotoras: coordenação motora, esquema corporal, orientação espacial, temporal e lateralidade. O psicopedagogo, desde que tenha experiência nessa área, poderá trabalhar estas dificuldades no consultório, ou indicar um terapeuta ocupacional, ou psicomotricista.

Crianças com dificuldades no processo de alfabetização também poderão ser ajudadas pelo psicopedagogo, novamente, desde que o mesmo esteja preparado para isso e que tenha experiência em alfabetização. Há muitos materiais interessantes que poderão ser utilizados, como softwares, jogos, que tormam o processo mais dinâmico e motivador para a criança (por exemplo, um material que gosto muito e costumo usar no consultório é o Método das Boquinhas http://www.metododasboquinhas.com.br/base.asp: inúmeros jogos e atividades do método fônico de alfabetização, método que a ciência vem provando que é o mais indicado para alfabetização de todas as crianças, principalmente daquelas que têm dificuldades no processo de alfabetização). Em alguns casos, será necessário o encaminhamento para um fonoaudiólogo, especialmente quando houver trocas na fala, pois as crianças se apoiam na fala para escrever, e se pronunciam alguns sons de forma errada, vão escrever errado também, e com o tempo, os erros vão se intensificando, se fixando, sendo mais difícil aplicar estratégias de reeducação.

Por estas razões, o psicopedagogo precisará ser um profissional atualizado em relação às novas tecnologias educacionais e também criativo, capaz de adaptar inúmeros materiais e técnicas para conseguir atuar junto às dificuldades do aluno de uma forma atraente, capaz de despertar a motivação, resgatar o prazer em aprender, promover a autoestima e fazer o aluno voltar a avançar em seu processo de aprendizagem, apropriando-se dele, tornando-se mais independente.

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