Vida pessoal X vida profissional: quando o descompasso se instala
As mulheres atualmente ocupam não apenas um maior número de vagas no mercado de trabalho, mas também melhores postos, com melhor remuneração, benefícios, autonomia e poder.
O perfil da mulher ocupadíssima e estressada é um tema bem atual, tanto que a mídia o vem retratando seguidamente, quer em filmes, novelas, propagandas, etc..
Até mesmo o mercado se adaptou a esse fato, com o oferecimento de produtos e serviços voltados para esse segmento específico, como, por exemplo, uma variedade infinita de serviços delivery, academias de ginástica que funcionam em horários especiais (algumas, 24 horas por dia), diversos profissionais que atendem na própria residência do cliente (manicures, dentistas, esteticistas), tudo isso objetivando facilitar a vida de quem nunca tem tempo, ampliando assim sua convivência com a família e o tempo que passa em casa.
Algumas empresas, cientes desse fato, proporcionam às suas funcionárias uma série de serviços no próprio local de trabalho, como salão de cabeleireiro, aulas de ginástica, creche, dentre outros.
Mas será que isso tudo tem sido suficiente? Como anda o nível de stress da mulher atualmente? Como fazem as que são bem-sucedidas na difícil tarefa de conciliar vida pessoal e profissional? Que estratégias são comprovadamente eficazes para controlar o nível de stress e garantir melhor qualidade de vida?
Afinal, stress é bom ou mau?
Vamos comparar o organismo humano a um elástico e o stress à pressão que é exercida sobre esse elástico, quer por fatores externos, como compromissos, atribuições, horários a cumprir, solicitações diversas, do ambiente profissional ou familiar, quer por fatores internos, relacionados aos pensamentos de cada um, à personalidade, conflitos. Esse elástico foi concebido para suportar pressões, todavia, quando as pressões tornam-se excessivas, o elástico pode dar sinais de que vai se romper.
Quando isso acontece, é preciso agir rapidamente, em duas direções principais: 1- diminuindo as pressões, através da racionalização do trabalho, da delegação de tarefas, da melhor administração do tempo, para citar algumas estratégias e 2- Cuidando da própria “elasticidade”, ou seja, do bem-estar físico e mental, dormindo horas suficientes, alimentando-se de maneira saudável, fazendo atividade física, tendo horas de lazer.
O stress faz parte de nossas vidas, fomos programados para viver com um pouco de pressão. Aquela idéia idílica de viver sob a sombra de uma palmeira, numa ilha deserta, provavelmente nos deixaria entediados (e, talvez, estressados. Sim, o tédio também pode causar stress! Assim como a felicidade, a paixão...).
Ocorre que muitas pessoas perdem o controle da situação e acabam sofrendo complicações advindas de níveis elevados de stress, tais como hipertensão, diabetes, hipoglicemia, problemas dermatológicos, cardíacos, digestivos, cefaléia, obesidade, diminuição da libido, problemas relacionados ao sistema imunológico (como, por exemplo, aquelas pessoas que estão sempre gripadas). Isso acontece porque o stress produz no organismo diversas substâncias (adrenalina, cortisol, dentre outras) cujo efeito logo começa a ser sentido.
Portanto, stress na dose certa pode ser bom, se funcionar como um impulso para ir adiante, em direção às nossas metas. Agora, se esse impulso vai ser como uma catapulta, partindo-nos ao meio, ou se vai funcionar como uma conexão de banda larga, aumentando nossa velocidade na realização de nossas metas, vai depender de cada um.
Por que algumas pessoas lidam bem com as pressões, enquanto outras sucumbem aos seus efeitos?
Pessoas bem-sucedidas no manejo das pressões e no gerenciamento do stress são aquelas que possuem resiliência, um conceito emprestado da engenharia de materiais para explicar a capacidade de resistir às pressões, uma certa flexibilidade, que é resultado de estratégias de pensamento internas, da história de vida de cada um, das crenças e aprendizagens anteriores.
Sabe aquela história da palmeira num dia de vento e tempestade? Ela se dobra, flexível, e por isso resiste. Já outras árvores, altas, fortes, porém inflexíveis, às vezes são derrubadas. É mais ou menos isso que ocorre com algumas pessoas. Por falta de flexibilidade e dificuldade de adaptação às mudanças ocorridas em seu entorno, sucumbem ao stress.
Além da resiliência, também as estratégias de enfrentamento garantem uma melhor administração do stress.
Quais as conseqüências de se misturar trabalho e vida pessoal/familiar?
Dificuldades podem ocorrer em ambas as direções: tanto quando os problemas de casa são levados para o trabalho quanto o contrário, quando os assuntos do trabalho acabam indo parar em casa.
É muito comum que marido e filhos reclamem do fato. Algumas vezes a convivência pode se tornar tão aversiva em casa a ponto dos familiares começarem a evitá-la, ou seja, começam a ficar mais tempo fora de casa do que dentro dela.
Há mulheres que não conseguem falar com o filho no nível dele, que se dirigem ao filho usando uma linguagem formal, que não sabem “descer do salto” para ficar no mesmo nível da criança.
Quando o casal não preserva o relacionamento, reservando um tempo somente para ambos, para saírem como “namorados” e fazerem coisas juntos, também costuma haver um distanciamento, inclusive sexual.
Que mágica fazem as mulheres que conseguem conciliar trabalho, marido, filhos, vida social e etc.?
Não há mágica. Todavia, vale ressaltar que sofrem menos de stress as pessoas cujo trabalho se constitui numa importante fonte de prazer. Não o encaram como sacrifício, “luta” ou “batente”. E porque gostam do que fazem, costumam ser criativas, o que constitui outro fator importante na prevenção do stress.
Pessoas criativas no trabalho costumam ter menos stress do que aquelas que meramente executam projetos, tarefas, etc. É preciso ter a sensação de poder influenciar os resultados do próprio trabalho, pois, caso contrário, pode-se incorrer numa situação de desamparo e desesperança.
Se por um lado não há mágica, por outro, há algumas estratégias que todos podemos aprender e aprimorar, através do exercício constante.
Linha imaginária
Por exemplo, há uma técnica bem simples que consiste em traçar uma linha imaginária entre o trabalho e a casa, dividindo-os de forma que um não interfira no outro. Para isso, é necessário condicionar hábitos simples, como:
1- Não trazer trabalho para casa.
2- Não atender ligações relacionadas ao trabalho.
3- Não ficar conectado à Internet o tempo todo, checando e respondendo e-mails contendo assuntos profissionais.
4- Não falar de trabalho em casa, principalmente durante as refeições.
5- Aliás, as refeições não podem ter cara de reunião. Precisam ser momentos prazerosos, de aconchego.
6- Chegar em casa e “tirar o uniforme”. Isso significa que é preciso deixar o lado “competente” no escritório. Em casa, vale rolar no chão com as crianças, ficar descalço e falar banalidades.
Relaxar e respirar
Aprender a relaxar ajuda, e muito, a restaurar as energias. Fazer meditação, Yoga, aulas de alongamento, são boas alternativas para esse objetivo.
Por exemplo, uma técnica de respiração diafragmática pode fazer milagres por sua saúde. Consiste, resumidamente, em respirar colocando-se o ar na região do diafragma (ou do abdômen, da “barriga”, para facilitar a localização), bem devagar, suavemente, demorando pouco na inspiração e demorando mais na expiração, quando expulsamos o ar. Para isso, pode-se contar até 5 na inspiração, e até 10 na expiração. Há outras variações, que inclusive associam técnicas de relaxamento muscular à respiração diafragmática e que poderão ser aprendidas com um terapeuta bem treinado.
Um leque amplo de interesses
Outro fator importante que deve ser destacado é que as pessoas que lidam bem com o stress são aquelas que têm um leque de interesses variado, gostam de muitas coisas, e permitem-se, ao longo do dia, pequenos prazeres, intercalando momentos de trabalho e prazer.
Pode ser uma pausa para um cafezinho, uma conversa rápida pelo telefone, uma visita ao colega na sala ao lado, uma busca na Internet de alguma coisa pela qual estejam muito interessadas.
Dessa forma, mantêm-se sempre com um nível de energia e disposição adequado, além de garantirem seu bom-humor. Vão recheando o dia com momentos agradáveis e, assim, recarregando a bateria. Não esperam se divertir só no final de semana – ou, o que é pior, só nas férias.
Fila do lazer
Um outro hábito saudável é a chamada fila do lazer (ou poderia ser do prazer, das coisas boas). Consiste em ir angariando, ao longo dos dias, coisas que são interessantes, mas para as quais não temos tempo naquele momento.
Pode ser que você entre numa livraria e encontre um livro muito bom, daqueles que dá vontade de ir para casa e ler até acabar. Todavia, naquele momento, você não tem tempo. Então, compre e reserve. Coloque na “fila” do lazer.
Faça assim com muitas outras coisas. Vá selecionando-as e colocando-as na fila – talvez apenas mentalmente, como por exemplo, uma viagem que você esteja planejando fazer, um restaurante ao qual deseja ir, etc. De forma que, quando finalmente chegar o momento de relaxar e ter lazer, você tenha muitas opções para se divertir.
De tempos em tempos, dê uma olhada na sua fila do lazer, como se fosse uma coleção que você gosta de admirar, arrumar e saborear. Vá “regando” seus interesses, seus planos e projetos.
Pessoas que lidam mal com o stress têm dificuldade para relaxar. São aquelas que quando chega o final de semana, ou quando saem de férias, não se divertem, ou sentem falta do trabalho. Não sabem desfrutar o dia.
O copo d’água
Esse exercício sugere que você imagine que, ao sair da cama pela manhã, todos os dias, você pegaria um copo d’água, cheio, levando-o consigo para todos os lugares e situações ao longo daquele dia e, detalhe muito importante, sem derramar nenhuma gota! Até o final do dia.
Para conseguir realizar essa proeza, você precisaria fazer todas as suas atividades de uma forma muito suave, com muita calma, pois, caso contrário, a água seria derramada.
Esse exercício é feito apenas na imaginação (ainda não conheci ninguém que o tenha tentado de fato) e tem por objetivo mostrar-nos que a água do copo é a nossa energia.
Se diante da primeira contrariedade do dia, que pode ser uma fechada no trânsito, uma cara feia logo ao chegar no trabalho, nos estressamos e perdemos o controle, derramamos a água do copo. Sem água no copo e tendo que agüentar até o final do dia, vamos usar uma energia de que não dispomos. É como usar o dinheiro do cheque especial: não é nosso e pagamos juros bem altos depois.
Portanto, aquela gíria que usualmente ouvimos por aí, “me economize”, tem lá seu fundo de verdade. Economizar-se é cuidar da água do copo.
A pizza
Outro aspecto importantíssimo no gerenciamento do stress refere-se à forma como as pessoas dividem o seu tempo entre todas as áreas de sua vida.
Comparando nossa vida a uma pizza, observamos que há pessoas cujas “pizzas” apresentam apenas um ou dois pedaços, por exemplo, trabalho e família. Essa não é uma forma saudável de administrar a própria vida porque ficam faltando outras áreas igualmente importantes, tais como: amigos, área intelectual, área espiritual, área financeira, lazer, área afetivo-emocional, área sexual, área física e a área da cidadania.
É preciso cuidar para que haja um equilíbrio, para que algumas “fatias” não invadam o espaço de outras, ou mesmo para que algumas fatias não sejam completamente suprimidas – o que é bastante freqüente, por exemplo, com a área do lazer, que é a primeira a ser descartada quando as coisas ficam difíceis, ou também com a área física, que inclui exercícios e cuidados com o corpo e a saúde, que acabam sendo relegados ao abandono em virtude da falta de tempo ou de dinheiro.
Transformar a casa em um santuário
Isso significa que precisamos preservar nosso lar, as pessoas e as coisas de que gostamos, das pressões oriundas do trabalho. É quase uma questão de “higiene”, por assim dizer. Semelhante ao hábito dos orientais, que tiram os sapatos antes de entrar em casa.
Em nosso lar merecemos calma, descanso, aconchego, merecemos desfrutar das coisas de que gostamos (lembra-se da fila do lazer?).
É nesse espaço sagrado que vamos nos refazer e pensar sobre nossa vida, sobre todas as suas áreas (a pizza).
Até porque ao nos distanciarmos de nossos problemas profissionais, colocamo-nos numa meta-posição, ou seja, podemos avaliá-los de longe e assim observar outros aspectos que antes não haviam sido considerados, porque estávamos muito envolvidos, submersos ou com a visão prejudicada em virtude da proximidade excessiva. É dessa forma que muitos insights acontecem, quando então gritamos “heureca” e então a solução salta diante de nossos olhos.
“Minha vizinha trabalha 12 horas por dia e ainda acha tempo para fazer um monte de coisas, como ginástica, ir ao cabeleireiro, passear com os filhos. E está sempre tão bem, parecendo feliz! Como ela consegue?”
Na verdade, o que pode estar ocorrendo aqui é aquele famoso fato de a grama do vizinho parecer sempre mais verde que a nossa...
Mas, admitamos, é possível que essa mulher conte com uma equipe de funcionários eficaz (empregadas, babás, etc.) e que saiba administrar bem o seu tempo.
É possível também que ela empregue as estratégias que foram aqui descritas e que sinta prazer nas coisas que faz, que mantenha um bom equilíbrio entre a energia que gasta e aquela que repõe.
Bibliografia recomendada:
Administrando o Stress com técnicas de Programação Neurolinguística. Maria Amélia Vallin de Oliveira, Editora Gente, 1996.
Administre bem o seu tempo. Rosa R. Krausz, Artenova, 1986.
Felicidade. Eduardo Gianetti, Companhia das letras, 2002.
As mulheres atualmente ocupam não apenas um maior número de vagas no mercado de trabalho, mas também melhores postos, com melhor remuneração, benefícios, autonomia e poder.
O perfil da mulher ocupadíssima e estressada é um tema bem atual, tanto que a mídia o vem retratando seguidamente, quer em filmes, novelas, propagandas, etc..
Até mesmo o mercado se adaptou a esse fato, com o oferecimento de produtos e serviços voltados para esse segmento específico, como, por exemplo, uma variedade infinita de serviços delivery, academias de ginástica que funcionam em horários especiais (algumas, 24 horas por dia), diversos profissionais que atendem na própria residência do cliente (manicures, dentistas, esteticistas), tudo isso objetivando facilitar a vida de quem nunca tem tempo, ampliando assim sua convivência com a família e o tempo que passa em casa.
Algumas empresas, cientes desse fato, proporcionam às suas funcionárias uma série de serviços no próprio local de trabalho, como salão de cabeleireiro, aulas de ginástica, creche, dentre outros.
Mas será que isso tudo tem sido suficiente? Como anda o nível de stress da mulher atualmente? Como fazem as que são bem-sucedidas na difícil tarefa de conciliar vida pessoal e profissional? Que estratégias são comprovadamente eficazes para controlar o nível de stress e garantir melhor qualidade de vida?
Afinal, stress é bom ou mau?
Vamos comparar o organismo humano a um elástico e o stress à pressão que é exercida sobre esse elástico, quer por fatores externos, como compromissos, atribuições, horários a cumprir, solicitações diversas, do ambiente profissional ou familiar, quer por fatores internos, relacionados aos pensamentos de cada um, à personalidade, conflitos. Esse elástico foi concebido para suportar pressões, todavia, quando as pressões tornam-se excessivas, o elástico pode dar sinais de que vai se romper.
Quando isso acontece, é preciso agir rapidamente, em duas direções principais: 1- diminuindo as pressões, através da racionalização do trabalho, da delegação de tarefas, da melhor administração do tempo, para citar algumas estratégias e 2- Cuidando da própria “elasticidade”, ou seja, do bem-estar físico e mental, dormindo horas suficientes, alimentando-se de maneira saudável, fazendo atividade física, tendo horas de lazer.
O stress faz parte de nossas vidas, fomos programados para viver com um pouco de pressão. Aquela idéia idílica de viver sob a sombra de uma palmeira, numa ilha deserta, provavelmente nos deixaria entediados (e, talvez, estressados. Sim, o tédio também pode causar stress! Assim como a felicidade, a paixão...).
Ocorre que muitas pessoas perdem o controle da situação e acabam sofrendo complicações advindas de níveis elevados de stress, tais como hipertensão, diabetes, hipoglicemia, problemas dermatológicos, cardíacos, digestivos, cefaléia, obesidade, diminuição da libido, problemas relacionados ao sistema imunológico (como, por exemplo, aquelas pessoas que estão sempre gripadas). Isso acontece porque o stress produz no organismo diversas substâncias (adrenalina, cortisol, dentre outras) cujo efeito logo começa a ser sentido.
Portanto, stress na dose certa pode ser bom, se funcionar como um impulso para ir adiante, em direção às nossas metas. Agora, se esse impulso vai ser como uma catapulta, partindo-nos ao meio, ou se vai funcionar como uma conexão de banda larga, aumentando nossa velocidade na realização de nossas metas, vai depender de cada um.
Por que algumas pessoas lidam bem com as pressões, enquanto outras sucumbem aos seus efeitos?
Pessoas bem-sucedidas no manejo das pressões e no gerenciamento do stress são aquelas que possuem resiliência, um conceito emprestado da engenharia de materiais para explicar a capacidade de resistir às pressões, uma certa flexibilidade, que é resultado de estratégias de pensamento internas, da história de vida de cada um, das crenças e aprendizagens anteriores.
Sabe aquela história da palmeira num dia de vento e tempestade? Ela se dobra, flexível, e por isso resiste. Já outras árvores, altas, fortes, porém inflexíveis, às vezes são derrubadas. É mais ou menos isso que ocorre com algumas pessoas. Por falta de flexibilidade e dificuldade de adaptação às mudanças ocorridas em seu entorno, sucumbem ao stress.
Além da resiliência, também as estratégias de enfrentamento garantem uma melhor administração do stress.
Quais as conseqüências de se misturar trabalho e vida pessoal/familiar?
Dificuldades podem ocorrer em ambas as direções: tanto quando os problemas de casa são levados para o trabalho quanto o contrário, quando os assuntos do trabalho acabam indo parar em casa.
É muito comum que marido e filhos reclamem do fato. Algumas vezes a convivência pode se tornar tão aversiva em casa a ponto dos familiares começarem a evitá-la, ou seja, começam a ficar mais tempo fora de casa do que dentro dela.
Há mulheres que não conseguem falar com o filho no nível dele, que se dirigem ao filho usando uma linguagem formal, que não sabem “descer do salto” para ficar no mesmo nível da criança.
Quando o casal não preserva o relacionamento, reservando um tempo somente para ambos, para saírem como “namorados” e fazerem coisas juntos, também costuma haver um distanciamento, inclusive sexual.
Que mágica fazem as mulheres que conseguem conciliar trabalho, marido, filhos, vida social e etc.?
Não há mágica. Todavia, vale ressaltar que sofrem menos de stress as pessoas cujo trabalho se constitui numa importante fonte de prazer. Não o encaram como sacrifício, “luta” ou “batente”. E porque gostam do que fazem, costumam ser criativas, o que constitui outro fator importante na prevenção do stress.
Pessoas criativas no trabalho costumam ter menos stress do que aquelas que meramente executam projetos, tarefas, etc. É preciso ter a sensação de poder influenciar os resultados do próprio trabalho, pois, caso contrário, pode-se incorrer numa situação de desamparo e desesperança.
Se por um lado não há mágica, por outro, há algumas estratégias que todos podemos aprender e aprimorar, através do exercício constante.
Linha imaginária
Por exemplo, há uma técnica bem simples que consiste em traçar uma linha imaginária entre o trabalho e a casa, dividindo-os de forma que um não interfira no outro. Para isso, é necessário condicionar hábitos simples, como:
1- Não trazer trabalho para casa.
2- Não atender ligações relacionadas ao trabalho.
3- Não ficar conectado à Internet o tempo todo, checando e respondendo e-mails contendo assuntos profissionais.
4- Não falar de trabalho em casa, principalmente durante as refeições.
5- Aliás, as refeições não podem ter cara de reunião. Precisam ser momentos prazerosos, de aconchego.
6- Chegar em casa e “tirar o uniforme”. Isso significa que é preciso deixar o lado “competente” no escritório. Em casa, vale rolar no chão com as crianças, ficar descalço e falar banalidades.
Relaxar e respirar
Aprender a relaxar ajuda, e muito, a restaurar as energias. Fazer meditação, Yoga, aulas de alongamento, são boas alternativas para esse objetivo.
Por exemplo, uma técnica de respiração diafragmática pode fazer milagres por sua saúde. Consiste, resumidamente, em respirar colocando-se o ar na região do diafragma (ou do abdômen, da “barriga”, para facilitar a localização), bem devagar, suavemente, demorando pouco na inspiração e demorando mais na expiração, quando expulsamos o ar. Para isso, pode-se contar até 5 na inspiração, e até 10 na expiração. Há outras variações, que inclusive associam técnicas de relaxamento muscular à respiração diafragmática e que poderão ser aprendidas com um terapeuta bem treinado.
Um leque amplo de interesses
Outro fator importante que deve ser destacado é que as pessoas que lidam bem com o stress são aquelas que têm um leque de interesses variado, gostam de muitas coisas, e permitem-se, ao longo do dia, pequenos prazeres, intercalando momentos de trabalho e prazer.
Pode ser uma pausa para um cafezinho, uma conversa rápida pelo telefone, uma visita ao colega na sala ao lado, uma busca na Internet de alguma coisa pela qual estejam muito interessadas.
Dessa forma, mantêm-se sempre com um nível de energia e disposição adequado, além de garantirem seu bom-humor. Vão recheando o dia com momentos agradáveis e, assim, recarregando a bateria. Não esperam se divertir só no final de semana – ou, o que é pior, só nas férias.
Fila do lazer
Um outro hábito saudável é a chamada fila do lazer (ou poderia ser do prazer, das coisas boas). Consiste em ir angariando, ao longo dos dias, coisas que são interessantes, mas para as quais não temos tempo naquele momento.
Pode ser que você entre numa livraria e encontre um livro muito bom, daqueles que dá vontade de ir para casa e ler até acabar. Todavia, naquele momento, você não tem tempo. Então, compre e reserve. Coloque na “fila” do lazer.
Faça assim com muitas outras coisas. Vá selecionando-as e colocando-as na fila – talvez apenas mentalmente, como por exemplo, uma viagem que você esteja planejando fazer, um restaurante ao qual deseja ir, etc. De forma que, quando finalmente chegar o momento de relaxar e ter lazer, você tenha muitas opções para se divertir.
De tempos em tempos, dê uma olhada na sua fila do lazer, como se fosse uma coleção que você gosta de admirar, arrumar e saborear. Vá “regando” seus interesses, seus planos e projetos.
Pessoas que lidam mal com o stress têm dificuldade para relaxar. São aquelas que quando chega o final de semana, ou quando saem de férias, não se divertem, ou sentem falta do trabalho. Não sabem desfrutar o dia.
O copo d’água
Esse exercício sugere que você imagine que, ao sair da cama pela manhã, todos os dias, você pegaria um copo d’água, cheio, levando-o consigo para todos os lugares e situações ao longo daquele dia e, detalhe muito importante, sem derramar nenhuma gota! Até o final do dia.
Para conseguir realizar essa proeza, você precisaria fazer todas as suas atividades de uma forma muito suave, com muita calma, pois, caso contrário, a água seria derramada.
Esse exercício é feito apenas na imaginação (ainda não conheci ninguém que o tenha tentado de fato) e tem por objetivo mostrar-nos que a água do copo é a nossa energia.
Se diante da primeira contrariedade do dia, que pode ser uma fechada no trânsito, uma cara feia logo ao chegar no trabalho, nos estressamos e perdemos o controle, derramamos a água do copo. Sem água no copo e tendo que agüentar até o final do dia, vamos usar uma energia de que não dispomos. É como usar o dinheiro do cheque especial: não é nosso e pagamos juros bem altos depois.
Portanto, aquela gíria que usualmente ouvimos por aí, “me economize”, tem lá seu fundo de verdade. Economizar-se é cuidar da água do copo.
A pizza
Outro aspecto importantíssimo no gerenciamento do stress refere-se à forma como as pessoas dividem o seu tempo entre todas as áreas de sua vida.
Comparando nossa vida a uma pizza, observamos que há pessoas cujas “pizzas” apresentam apenas um ou dois pedaços, por exemplo, trabalho e família. Essa não é uma forma saudável de administrar a própria vida porque ficam faltando outras áreas igualmente importantes, tais como: amigos, área intelectual, área espiritual, área financeira, lazer, área afetivo-emocional, área sexual, área física e a área da cidadania.
É preciso cuidar para que haja um equilíbrio, para que algumas “fatias” não invadam o espaço de outras, ou mesmo para que algumas fatias não sejam completamente suprimidas – o que é bastante freqüente, por exemplo, com a área do lazer, que é a primeira a ser descartada quando as coisas ficam difíceis, ou também com a área física, que inclui exercícios e cuidados com o corpo e a saúde, que acabam sendo relegados ao abandono em virtude da falta de tempo ou de dinheiro.
Transformar a casa em um santuário
Isso significa que precisamos preservar nosso lar, as pessoas e as coisas de que gostamos, das pressões oriundas do trabalho. É quase uma questão de “higiene”, por assim dizer. Semelhante ao hábito dos orientais, que tiram os sapatos antes de entrar em casa.
Em nosso lar merecemos calma, descanso, aconchego, merecemos desfrutar das coisas de que gostamos (lembra-se da fila do lazer?).
É nesse espaço sagrado que vamos nos refazer e pensar sobre nossa vida, sobre todas as suas áreas (a pizza).
Até porque ao nos distanciarmos de nossos problemas profissionais, colocamo-nos numa meta-posição, ou seja, podemos avaliá-los de longe e assim observar outros aspectos que antes não haviam sido considerados, porque estávamos muito envolvidos, submersos ou com a visão prejudicada em virtude da proximidade excessiva. É dessa forma que muitos insights acontecem, quando então gritamos “heureca” e então a solução salta diante de nossos olhos.
“Minha vizinha trabalha 12 horas por dia e ainda acha tempo para fazer um monte de coisas, como ginástica, ir ao cabeleireiro, passear com os filhos. E está sempre tão bem, parecendo feliz! Como ela consegue?”
Na verdade, o que pode estar ocorrendo aqui é aquele famoso fato de a grama do vizinho parecer sempre mais verde que a nossa...
Mas, admitamos, é possível que essa mulher conte com uma equipe de funcionários eficaz (empregadas, babás, etc.) e que saiba administrar bem o seu tempo.
É possível também que ela empregue as estratégias que foram aqui descritas e que sinta prazer nas coisas que faz, que mantenha um bom equilíbrio entre a energia que gasta e aquela que repõe.
Bibliografia recomendada:
Administrando o Stress com técnicas de Programação Neurolinguística. Maria Amélia Vallin de Oliveira, Editora Gente, 1996.
Administre bem o seu tempo. Rosa R. Krausz, Artenova, 1986.
Felicidade. Eduardo Gianetti, Companhia das letras, 2002.
Ei...mas q linda!!! Acabei de receber um abraço seu por meio de uma colega q encontrou vc. Fiquei muito feliz q ainda lembrou-se de mim e da Adriana. Procurei vc aqui e olha q menina, tem um blog maravilhoso. Nelly, muito bom saber de vc!!! bjs,
ResponderExcluirAnne
Anne, que saudades! E que surpresa maravilhosa! Veja só que mundo pequeno o nosso: minha mãe foi fazer uma cirurgia na Casa de Saúde e eu comecei a conversar com essas moças de S. Antônio de Posse, que a conheciam!
ResponderExcluirMuito obrigada pelos elogios! Adoro escrever, se bem que ultimamente tenho trabalhado tanto que acabo não tendo tempo de postar aqui.
Beijão!