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domingo, 4 de janeiro de 2009

2 - PROJETO DE VIDA

No artigo anterior comparamos nossa vida a uma pizza, cada pedaço correspondendo a uma área de nossa vida, para explicar o que é Qualidade de Vida.
Mas o que fazer quando, ao avaliarmos nossa "pizza", constatamos que há poucas fatias? Que faltam fatias importantes (como espiritualidade, amigos, lazer, cidadania, etc.)? O que fazer quando determinadas áreas de nossa vida invadiram completamente o espaço pertencente a outras áreas, a outras "fatias", que ficaram "espremidas", ou que acabaram desaparecendo completamente? Por exemplo, aquele profissional que duas vezes por semana praticava esporte com os amigos e que após ser promovido na empresa (aumentando o número de horas trabalhadas), reduz para uma vez e depois para nenhuma?
Para organizar as coisas, vamos propor duas estratégias.
A primeira é uma avaliação bem simples. Você só vai precisar de papel e lápis. Tudo pronto? Então vamos lá. Você vai listar todas as áreas de sua vida: 1- FAMILIAR (inclui sua família de origem, pais e irmãos, e sua família atual, marido/esposa e filhos), 2 - AFETIVA (relacionamento amoroso), 3- EMOCIONAL (como administra suas emoções, como se sente: feliz, triste, deprimido, ansioso, etc.), 4 - PROFISSIONAL (sua profissão, se está satisfeito com sua área de atuação, com os resultados de seu trabalho, se tem uma carreira planejada), 5- INTELECTUAL (cursos, leituras, novas aprendizagens, manter-se atualizado), 6- SEXUAL (qualidade e quantidade), 7- FINANCEIRA (como administra seu dinheiro, como equilibra seu orçamento, como investe, poupa, planeja gastos), 8- SOCIAL (amigos, grupos aos quais pertence, eventos sociais aos quais comparece), 9- ESPIRITUAL (em que você acredita, se está satisfeito com suas crenças nesta área, com sua forma de viver e expressar estas crenças - o que não implica necessariamente em freqüentar uma determinada religião ou igreja), 10- LAZER (aquelas coisas que você faz unicamente para se divertir, por prazer, diversão, para "recarregar a bateria": inclui hobbies, como dançar, fazer coleções, cantar, tocar instrumentos musicais, etc.), 11- CIDADANIA (as contribuições que você dá ao seu bairro, à sua cidade, ao seu país, o que você faz para ajudar o próximo, como você coloca aquilo que sabe ou que possui a serviço do próximo, de uma causa), 12 - FÍSICA (sua aparência, como está sua saúde, seus cuidados com alimentação, sono, exercícios).
Você vai agora atribuir uma nota, de zero a dez, a cada uma destas áreas de sua vida. Avalie sinceramente cada área e dê uma nota. Recomenda-se que você não seja nem crítico demais (dando nota zero a todas as áreas, por exemplo), nem otimista demais - ou presunçoso (dando nota dez a todas). Seja realista.
Você acabou de fazer um balanço de sua vida, um diagnóstico, que vai permitir-lhe saber como anda sua "pizza", quais as áreas críticas, o que está bom (e que, portanto, deve ser conservado) e o que precisa urgentemente ser melhorado.
Agora vem a outra estratégia: o Projeto de Vida.
Talvez você queira fazer seu Projeto de Vida por escrito (seria o mais indicado). Você poderá fazê-lo na mesma folha em que fez a avaliação, escrevendo brevemente à frente da nota que você atribuiu, ou poderá fazê-lo à parte (algumas pessoas preferem fazê-lo no computador - estas poderão me enviar um e-mail solicitando o Projeto de Vida já formatado, que só precisarão completar), de forma mais detalhada.
Após ter avaliado cada área, ter descoberto quais as áreas que precisam ser melhoradas, você poderá então determinar OBJETIVOS (o que você quer conseguir em cada área, como você quer que elas fiquem daqui a algum tempo), ESTRATÉGIAS (o que você vai fazer para conseguir atingir cada objetivo, para deixar cada área do jeito que você quer) e EVIDÊNCIAS (como você vai saber que atingiu seu objetivo: o que você precisa ver, ouvir, sentir, para concluir que realizou seu objetivo; que provas ou sinais precisará ter para certificar-se de que atingiu seu objetivo).
Por exemplo, imagine que na área do LAZER você vai listar três OBJETIVOS (é melhor ser bem específico e listar poucos objetivos para cada área: três é um bom número): 1- Aprender a tocar violão. 2- Sair mais com amigos. 3- Dançar. Você então poderá passar às ESTRATÉGIAS: para alcançar o objetivo número 1 (aprender a tocar violão), vou procurar um professor. Para alcançar o objetivo número 2 (sair mais com amigos), vou convidá-los mais vezes, aceitar o convite, quando eles convidam, e freqüentar mais ambientes em que possa encontrar amigos (como clubes, por exemplo). Para o objetivo número 3 (dançar), vou entrar num curso e ir a lugares em que possa dançar.
Então vêm as EVIDÊNCIAS: "vou saber que atingi o objetivo número 1 (tocar violão) quando souber tocar uma música inteira olhando na partitura". Aqui é importante observar que é necessário que sejamos realistas e modestos nas evidências. Seria irreal, por exemplo, usar como evidência neste caso "ser um músico profissional" e "tocar numa orquestra ou banda". É preciso dimensionar bem os passos, como se eles fossem os degraus de uma escada. Também não serviria a evidência: "vou saber que estou saindo mais com amigos quando eu tiver um monte de amigos e tiver muitos convites" por ser muito vaga e inespecífica. Quanto é "um monte" de amigos? Quanto é "muitos convites"? Se eu não dimensionar, não vou saber quando atingi o objetivo.As EVIDÊNCIAS têm, portanto, a função de verificar quando o objetivo foi alcançado. É o sinal que confirma que chegamos lá.
Estabelecendo OBJETIVOS, ESTRATÉGIAS E EVIDÊNCIAS para cada área de sua vida, você terá concluído seu Projeto de Vida. E daí? É só isso?
Não, de forma alguma. Você precisará implantar o seu Projeto, o que significa que não há mágica e que você terá de arregaçar as mangas, pôr as mãos na massa e fazer o que precisa ser feito. E de tempos em tempos, precisará refazer seu Projeto, pois as metas alcançadas serão substituídas por novas metas, ou talvez existam metas que deixem de ser importantes e que precisem ser então descartadas. Portanto, o Projeto precisará ser atualizado periodicamente.
Uma pergunta freqüente, quer no consultório, ou em cursos e palestras em que abordo este tema: um casal deveria fazer um único Projeto de Vida? Ou cada um faz o seu? Vamos responder a esta pergunta no próximo artigo, quando abordaremos a questão do casamento e dos papéis que desempenhamos na vida.
Há pessoas que afirmam: "Ah! Eu não gosto de planejar nada. Não gosto de me prender a projetos, gosto de ser livre, de ir ao sabor do vento". A estas pessoas gostaria de propor as seguintes perguntas: Ser livre é não planejar aonde queremos ir? Como diz aquela música "Deixa a vida me levar..."? Ou aquela frase "Se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve"? Ou ser livre é justamente o contrário: poder planejar e escolher para onde vamos? O que é afinal liberdade? É uma reflexão interessante, que retomaremos numa outra ocasião.

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